quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Leve


Ver o tempo passar. É difícil quando - por algum motivo, razão ou circunstância -  se é obrigado  a isso, afinal ter tempo para pensar um pouco na vida, nos sentimentos e nas confusões atualmente é uma raridade. Mas essa se torna às vezes, uma tarefa não tão prazerosa.
Em momentos assim, a gente se dá conta do quanto evoluiu, mas também relembra fatos  e causos que marcaram de maneira dolorida e, por ora, mortal.
Hoje parei para pensar um pouco na vida e descobri que  não tenho medo do que passou e nem do que ainda nem chegou. Eu tenho mais segurança e sei que cada passo deve ser firme e com um objetivo. Também não tenho mais medo de cair, meu único medo é me perder de mim.
Esse talvez seja o meu maior medo. Isso porque levei anos para me reencontrar, para me ver de novo como eu realmente sou. Aceitar-me e estabelecer uma parceria entre eu e eu mesma. Criar um vínculo até então desfeito.
E assim permitir que os outros me vejam como eu sou, sem precisar me adaptar, nem mesmo incorporar uma camaleoa. Deixar minha alma nua e um sorriso estampado que retrata a leveza em que me encontro. Bebo mais um gole do meu cappuccino e agradeço em pensamento por finalmente ter me (re)encontrado.



sábado, 6 de outubro de 2012

Feito que chega?


Se eu pudesse dar um conselho, daqueles para ninguém esquecer, eu diria (pediria e imploraria): menos reclamação, mais ação e mais acreditar em si mesmo. Não sei se eu já estou meio cansada, mas de verdade não aguento mais ver gente reclamando nas redes sociais de que as pessoas não acreditam mais em ninguém, que não há confiança, que o amor – esse pobre coitado – é o culpado por tantos problemas e decepções. Não que eu nunca tenha reclamado e nem mandado alguma indireta, mas escrevo isso para quem quiser ler, e para que eu mesma aprenda. Eu comecei a notar que a gente reclama demais e faz de menos. Dizemos que queremos alguém que nos entenda, mas não nos esforçamos em entender e em se entender. Imploramos por um pouco de atenção, mas nunca temos tempo para dedicar aos outros. Dizemos que estamos cansados de estar sozinho, mas não nos mexemos para conhecer novas pessoas. Ficamos atrelados a rotina, presos ao mundo cada vez mais moderno e menos real. A gente tem esquecido de viver, - onde moram as melhores experiências e o amadurecimento. É ai que está o que nos torna mais humanos, que nos faz entender mais e exigir menos. Por isso, viva mais, se arrisque mais, mude seus hábitos e chega de mimimi. 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O perfeito nem sempre é a melhor escolha


Simplesmente não existe regra, equação ou fórmula para que as coisas aconteçam de forma exata e perfeita. Infelizmente, e cada vez mais, nós buscamos pessoas e relacionamentos perfeitos. Procuramos por um sentimento que aconteça de imediato, sem nenhum problema, sem nenhum tropeço, sem nenhum obstáculo. Mas sabemos que não é bem assim, e mesmo sabendo, parece que fazemos questão de esquecer isso. E é aí que tudo desanda.

Basta um relacionamento não dar certo que pronto já vem aquela enxurrada de reclamações: ninguém me ama, ninguém me quer e aquela mais clássica ainda “sou uma frigideira que não tem tampa”. Eu mesma já disse isso, até alguém me falar que as frigideiras também têm tampa.

Mas acho que a questão central, que todos nós ( incluindo eu) temos que aprender é que não é e nem será perfeito. Não haverá relacionamento que não tenha nenhum “q” a se melhorar, ajustar... Pode até começar com uma paixão a primeira vista, com direito a flores e juras de amor. Mas com a convivência, muitos outros lados começam a aparecer, os defeitinhos começam a surgir e lá vem a decepção: não é tudo tão perfeito como pensava.

Não temos porque achar um culpado ou razão para esse descontentamento depois dessa descoberta, que é caótica para muitos. Ela pode ser resultado dos malditos contos de fadas que são lindos e perfeitinhos ou da gente mesmo que quebra a cara e não aprende nunca. Que se desaponta quando descobre que o perfeito não é tão perfeito assim.

Se você hoje procura alguém perfeito desista disso nesse exato momento. Se for para procurar, que seja alguém que te complete, que só ao te olhar causa aquele frio na barriga, que te faça rir independente da situação, que compreenda quando você precise ficar em silêncio e que respeite a sua decisão. Que te olhe nos olhos e que encare até os seus defeitos como qualidades e com um pouco de humor. Que acredite em você, quando nem mesmo você acreditar. Procure por alguém que torne sua vida mais cheia, mais feliz...

Procure ou deixe-se encontrar. Desapegue da missão que você mesmo impôs de achar alguém perfeito, que seja o mais bonito, que tenha um carro, seja bem sucedido, que te ama sem te questionar. Pelo contrário: só deixe alguém se aproximar se for para te embaraçar, te deixar meio sem rumo e que ainda assim arranque um sorriso meio bobo e que te estenda a mão e te guie por onde seja mais seguro. E principalmente que nunca te deixe cair.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Singelo

Sou meio avessa a horários. A pressa. Ao descompasso.
Nunca estou na hora. Não tenho ordem. Morro de preguiça.
Desejo dormir por horas. Ligo a função soneca mais de 10 vezes.
Gosto do som de gato ronronante e dos latidos alegres dos cachorros quando me veem chegar.
Gosto de deitar na grama. De cheiro de terra molhada. De fogão a lenha.
Prefiro dar oi para as estrelas e boa noite para o sol.
Me encanta ter os pés na grama. Dançar na chuva. Nadar no rio.
Desejo um canto, um esconderijo. Prefiro ver os pássaros livres. 
Gosto de palavras. De sons. Música.Som da chuva. Trovoadas.
Desejos incontidos. Olhares sem sentido. Gosto de arrancar sorrisos tortos.
Me fascina a simplicidade. Viver a simplicidade. Amar em simplicidade.
Rio de mim mesma. Converso comigo mesma. E continuo rindo de mim mesma.
Brigo comigo. Me chamo a atenção. Às vezes até me consolo.
Sou do tipo que guarda lembrança. Que chora sem sentido. Que tem medo.
Que se enrola nas cobertas. Que enrola os cabelos com os dedos.
Sou do tipo que morre de saudades. De amores. E de mais saudade.
Que ama. Ama. Ama. Ama... e morre mais um pouco de saudade.


terça-feira, 12 de junho de 2012

O dia dos (sem) namorados – versão 2012


Dia dos namorados... tá aí um dia que eu gosto no ano. E não, eu não estou namorando. Aposto que já tem alguns me chamando de louca por ai, mas eu explico... Eu gosto do dia dos namorados porque mesmo solteira tem um prato mais elaborado e um bom vinho para o jantar. E tem até presentinho. Comprei com carinho e mandei embrulhar no pacote mais bonito. Saí sorridente da loja, confiante de que comprei o presente certo.

Fiz questão de passar no mercado, e independente do valor da minha conta bancária, eu comprei bons ingredientes para o prato especial da noite. E o vinho também, é claro. Fiz questão de procurar uma receita diferente e de preparar eu mesma o jantar.

Tomei banho, fiquei linda, e servi a comida, em uma mesa arrumada e com velas, além daquela playlist que eu tanto gosto. Me deliciei com o jantar, pensei um pouco na vida, ri da minha bobeira, terminei a noite na sacada, sentindo o vento frio e degustando uma última taça de vinho e na melhor companhia que eu tenho e que de certa forma eu amo.

Estive na companhia de alguém que eu aprendi a compreender, a respeitar e a entender... com a companhia que, atualmente, mais merece minha atenção e meu cuidado. Minha melhor companhia sou eu mesma. E solteiros desse mundo não venham dizer que isso é chato. Pelo contrário, prefiro a minha companhia a ficar chorando agarrada num pote de brigadeiro, de tomar um porre estrondoso e não lembrar de nada no outro dia, de chorar pelo ex  que as vezes não é tão ex assim, ou por aquele canalha que não te assume.

Vamos assumir solteiros desse mundo: nós também queremos um parzinho. Na verdade é do ser humano desejar um par para ficar até o fim de suas vidas, ter filhos, uma casa e um sorriso ao acordar. A diferença está em como agimos em relação a solteirice. Tem gente que se descabela, joga para todos os lados, porque não se vê sozinho e se amarra no primeiro que aparece... Tem gente que convive com aquelas tias que perguntam quando vai desencalhar... tem gente que chega a duvidar da sexualidade da pessoa, e tem tanta coisa.

A diferença está em como se encara isso, e principalmente, em como se convive com a solteirice no dia dos namorados onde o amor parece surgir de todos os lados, acompanhados de casais apaixonados e sorridentes pela rua que parecem mais é esfregar na sua cara que eles sim, é que são felizes... Por isso, para se evitar qualquer constrangimento desnecessário, eu prefiro ficar em casa, acompanhada da minha consciência, exercendo o amor por mim mesma, aquele que chamam de amor próprio, até o dia eu que eu encontre alguém que queira me amar mais do que eu mesma...Só por hoje eu deixo os namorados aproveitarem o seu dia, enquanto eu aproveito os outros 364 do ano... Ah, e quanto ao presente, só posso dizer que aquela bolsa que eu namorei por semanas na vitrine daquela loja, hoje está andando nos meus braços...

Feliz dia dos namorados!

*Foto antiga, taça vazia, mas mesmo assim um brinde a esse dia dos namorados... e que venham muitos dias assim ainda! (rs)


sábado, 9 de junho de 2012

Companhia


Ela chega de mansinho e se instala pelos cantos da casa, pelas almofadas, se esconde nas gavetas e deita no meu sofá. Sorrateiramente, invade meu quarto, se aconchega em minhas cobertas e quando menos espera passa a habitar meu sonhos e a minha vida.
Ela chega principalmente em dias frios e cinzas ou quando uma música toca no rádio. Ela se faz presente nas lembranças que de repente vem a mente, num cheiro doce ou em uma palavra.

E ela vai tomando jeito, forma, corpo... por mais que a gente tente esconde-la e jogá-la no fundo de qualquer gaveta, uma hora ou outra, ela foge e não temos controle.

É ela, essa tal de saudade, que cria vida e então começa a acompanhar o passo acelerado, as noites de insônia, torna insuportável o tic-tac do relógio, torna o virar das folhas do calendário a mais dolorida espera.

domingo, 3 de junho de 2012

Culpa?


De fato a culpa é dela. É dela, por sempre acreditar que ele merece uma segunda chance... as vezes uma terceira ou uma quarta.
Ela é culpada por não saber, e nem conseguir dizer não... De pedir para ele ir embora, para nunca mais procura-la, nem ligar, e em menos de cinco minutos ela já esta ligando para ele, pedindo milhões de desculpas pelo que disse.
Ela é culpada pela sua consciência que lhe diz que ele não é homem para ela, isso além das suas amigas e da família que sempre dizem e repetem que ele não serve para ela, e que ela é mulher demais para aquele homem.

E adianta?

Ela continua se mantendo forçadamente ao lado dele... Ela se mantém ali para quando ele quiser. Podem falar o que quizer, podem dizer que ela é um capacho, uma boba, uma idiota.

E talvez ela realmente seja.

Ou talvez não.

Talvez ela se culpe, absurdamente por tudo o que sente, mas o problema é que ela nunca lhe disse... ela nunca lhe olhou nos olhos e contou da vontade imensa que tem em apenas envelhecer ao lado dele, em estar por ali dividindo tantas histórias e descobertas, o de quanto ela acha ele um perfeito idiota quando faz ela rir da maneira boba como age, e talvez ela nunca tenha dito o quanto ela adora o seu beijo e ainda mais do seu abraço.

Talvez apenas o problema seja esse: ela nunca abriu seu coração, ela nunca lhe disse do sentimento que lhe sufoca, e ela apenas se defendeu até agora. Defendeu-se daquele que ela mais deseja.

E então há culpa nisso ou há apenas um erro?

domingo, 20 de maio de 2012

Eu menti...


Enquanto te relatava minhas fragilidades, enquanto mostrava o que sentia... meus medos e minhas manias de perseguição...
Quando dizia que te admirava e que você era alguém especial...
Eu menti quando me fiz de forte, destemida e corajosa...
Quando saltei num vazio, sem medo de chegar ao chão...
Eu menti, menti e menti...
Sem pensar mais de uma vez, sem pestanejar, sem relutar...
Menti de forma inescrupulosa, sem pudor, sem peso na consciência...
Menti para que você mentisse para mim...
Me contasse o que você não é e o que você sente, ou melhor, finge sentir...
Nós mentimos um para o outro, nós nos enganamos...
É tudo uma grande mentira...
São apenas palavras... É mentira em sua mais inescrupulosa forma, mas em seu formato mais perceptível...
Independente do que vivemos nós mentimos para nos entregar e, em caso de rejeição, podermos dizer que mentimos apenas e dessa forma ficarmos livres... Para não nos sentirmos manipulados e nem menores...
Somos grandes e seguros demais...
Por isso mentimos... Para não perder a pose, muito menos o suposto poder que exercemos um sobre o outro...
E se for para ser assim eu continuo mentindo... Só para ter momentos de riso com você, para termos abraços carinhosos em dias de frio e para podermos apenas nos olhar e nos entender sem nenhuma palavra...
Eu minto só para ter a certeza de que nas entrelinhas da nossa mentira se esconde a mais pura verdade que nós insistimos em esconder...

*Texto que estava guardado a alguns anos... o inédito ( que estava escrevendo mas me fizeram perder a empolgação no meio da minha inspiração) deve estar aqui em breve... =D

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Assim...


Ela ainda tinha o mesmo sorriso, a mesma forma de andar, de pensar, de calçar os seus sapatos. Ainda tinha as mesmas manias, as mesmas desconfianças e ainda fazia as mesmas loucuras. Ela às vezes cometia os mesmos erros, e às vezes, cometia erros novos. Ela acertava. Ela errava. Ela batia. Ela apanhava. Mas nada a impedia. Continuava naquele mesmo caminho. Feliz, triste, linda ou desfigurada, ela continua sempre de olho no fim, naquele alvo.

Ela ainda era determinada, ela ainda era esperta, ela ainda amava. Já tentou mudar, mas isso nunca acontecia de forma efetiva. No máximo ela se aperfeiçoava ou então se reinventava. Mas ela, aquela ela, essência pura, sempre esteve ali, naquele peito, mantendo o seu ritmo de sempre. Por sorte, ela ainda mantinha o mesmo coração, e assim, mesmo que achasse o contrário, sabia quem era e o porque chegara até ali.

domingo, 11 de março de 2012

Liberte-se

Simplesmente deixe ir... Já dizem que o que é seu volta, por isso não prenda nada a você... Deixe simplesmente algo ir quando ele bem entender. Respeite a liberdade que o outro necessita, da mesma forma respeite a sua liberdade, e simplesmente deixe ir. Sem mágoas, sem choro, sem dor...

Não creia que a liberdade tem apenas a função de levar alguém para longe, ela muitas vezes trás alguém para mais perto ainda. A liberdade tem o poder de abrir os olhos, de mostrar ao coração qual é o melhor caminho, de mostrar quais os sentimentos que permanecem.

Não queira que alguém seja somente seu, que fique só do seu lado, que tenha olhos só para você. Isso é impossível! Somos seres dotados de um desejo de liberdade que nos consome, e quanto mais nos sentimos preso, mais desejamos a liberdade.

Temos por natureza um instinto de procurar e desejar essa liberdade. E se ela nos é negada, damos um jeitinho de tê-la e para isso usamos de todos os artifícios, que nem sempre são os melhores a serem aplicados e muitos desses ferem o outro, e então a história toda ganha um peso, uma dor, uma mágoa.

Por isso não prenda ninguém e nem se prenda. Siga o seu ritmo. Respeite a vida alheia. Respeite o passado de quem se aproxima de você e não queira que o mesmo seja apagado. Entenda que temos uma história e que sempre lembraremos fatos e pessoas, e não há nada que apague isso. No máximo se omite, mas nunca se apaga.

Respeite quem está do seu lado, respeite aqueles que se aproximam de você, respeite quem eles são, o que se tornaram e lhes dê sempre a liberdade de ir. Porque se simplesmente decidirem ficar, será por sua livre vontade, e então nada os fará ir embora e então se ganha uma parceria, a vida se torna leve e isso então vira uma história boa de contar.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Francamente

Tentarei ser o mais simples que posso, por mais que simplicidade nunca tenha sido o meu forte, ainda mais escrevendo. Mas o que quero deixar claro, o que pretendo aqui colocar, é algo que não consigo simplesmente dizer, justo eu que gosto tanto das palavras. Elas até teimam em rolar pelos meus lábios e entregar meu coração, mas eu sempre calo. Eu apenas não consigo dizer, e justo isso que eu deveria fazer: dizer tudo o que me consome a alma e que me aperta o coração.

Minhas ações nem sempre (posso até arriscar a dizer que nunca) condizem com as minhas emoções: eu faço o que não penso e o que eu penso eu não faço... É sou assim mesmo, mas eu deveria ser ao contrário. No fundo, sempre tive medo de muita coisa, mas aprendi a me portar como se esses medos não existissem e assim eles permearam e se confundiram com as minhas ações. Eles mascararam quem eu realmente sou, o que eu quero e desde então passei a achar divertido complicar, bater de frente, fazer o contrário do que as pessoas esperam de mim...

O porquê de estar aqui escrevendo desse jeito, é que toda vez que escrevo é meu coração que parece comandar as minhas mãos e assim ele diz tudo que minha boca não consegue. E o que eles querem dizer hoje é que sinto muito a sua falta, que não consigo me concentrar em mais nada quando você está por perto, que adoro teu sorriso e adoro o homem no qual você se transformou, que me sinto bem quando você simplesmente está por perto, que acho lindo quando você perde a paciência, quando você divide seus planos e coisas que você nunca fez na vida e que tem vontade, e de como eu me encanto quando você simplesmente me olha... Acho que esse é o único momento em que sou sincera, porque meu sorriso, esse é a única reação sobre a qual eu não tenho controle... Você tem idéia do quanto é difícil manter um equilíbrio e uma postura do tipo “não sinto nada” quando você está por perto? Você tem idéia do quanto é difícil enxergar seus olhos olhando para outra direção?

Essa minha postura, que até então eu via como equilíbrio, não passava de indiferença, na realidade uma falsa-indiferença... Porque tudo que eu fazia, eu desejava fazer ao contrário... As palavras que você me dizia eu sempre queria dizer mais, mas para simplesmente não perder um falso-controle que eu acreditava possuir, eu calava e não as dizia...

Mas eu ainda me pergunto: porque você simplesmente não tomou uma atitude e me deixou agir assim, porque você não me provou que realmente não é mais um moleque? Porque você simplesmente não puxou a corda? (rs)

Hoje eu entendo como olhar para alguém e sentir seu coração querer saltar pela boca e essa pessoa te tratar com indiferença dói! Dói mesmo! Se eu fiz isso ( e eu fiz) agora recebo uma lição daquelas que com certeza eu nunca vou esquecer...

E desde que eu me dei conta disso eu fico pensando em como reverter isso. Não tiro a razão da sua postura, mas eu já dei o braço a torcer, mexi com meus fantasmas, tentei ao máximo mudar minha postura sem sentir que perdia minha essência, só para você entender que eu já aprendi a lição, que eu quero ser uma pessoa melhor, desde que eu possa contar com seu carinho...

Mas se o encanto já se perdeu, eu não me frustro. Eu continuo na minha jornada, com o coração partido talvez, mas eu sigo... Eu sei que, assim como já aconteceu tantas vezes que perdi a conta, uma hora você volta... Só espero que volte no momento certo, porque afinal seria um desperdício perder assim tanto tempo até um novo encontro acontecer...

(Cíntia Synderski)

*Me desculpem pelo desabafo, mas como o texto diz eu sou mais sincera quando escrevo. =D

domingo, 25 de dezembro de 2011

Sem parar

Eu não sei ao certo, mas acho que nunca sei o que quero... Me divirto com o improvável e me contento com o simples, mas ao mesmo tempo almejo algo grande, tenho o instinto de sempre querer mais, de ir além... de entender, de traduzir, de decifrar...

Eu sempre quero mais... e sem querer exijo demais. Me torturo assim, buscando sempre esse mais...

Deixo de acreditar no que é visível, não arrisco, nem me entrego. Fecho a cara, apresso o passo, e esqueço... do que era útil, essencial, do que estava ali...

E então eu corro, eu busco, eu procuro entender como cheguei até ali... volto a me divertir com o improvável e a me contentar com o simples, mas sempre almejo algo maior...

Ciclo vicioso... Inevitável!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Loucuras à parte, mas amor para toda vida

Quem nunca se viu perdido no meio de uma enxurrada de sentimentos? Quem nunca tentou se salvar de morrer sufocado pelo tanto que sentia? Amor, desejo, paixão... Quando se fala de sentimentos não há muito que se explicar, às vezes não há o que dizer, não há o que escrever... Fica-se atônito diante de tanto que o coração passa, de tanto que ele leva pelo nosso corpo, de tudo que ele demonstra no nosso olhar, na nossa fala, na nossa pele...

A paixão perpassa os nossos sentidos, a nossa alma. O amor nos constrói, nos arma, nos amadurece... Mas ambos nos enlouquecem...

Quem nunca perdeu o tino ou o senso de responsabilidade com uma paixão em demasia, daquelas que nos tornam qualquer pessoa, menos nós mesmas? Quem nunca amou intensamente a ponto de esquecer-se de quem se é, de perder o chão e o senso de direção?

Quem nunca se viu alucinado, fissurado num amor incontestável, palpável que nos leva ao paraíso. Quem nunca concluiu que teve como maior loucura na vida o fato de amar alguém... Quem nunca criou asas, se tornou imortal apenas por nutrir dentro de si esses sentimentos...

E quem se perdeu e enlouqueceu quando de repente esses sentimentos deixam de existir, ganham um fim nem sempre consensual... Quando essa loucura ganha força e o desespero vêm lhe fazer companhia...

Quem nunca chorou por perder um amor ou uma paixão?

A gente se debruça no travesseiro e o encharca de lágrimas, a gente revê fotos, relembra momentos, parece parar de respirar por alguns instantes... Se sente morto, incompleto, perdido... Acaba aquela vivacidade, aquela energia... A gente pára, repensa, espera o tempo passar...

E então se levanta. Segue. Volta a viver, mesmo com aquela sensação de estar incompleto. Mas não se preocupe. O amor, esse bandido, está pronto para nos assaltar e tomar posse do nosso coração em qualquer esquina, em qualquer novo sorriso ou qualquer velho abraço. E toda essa loucura volta a acontecer, essa intensidade nos toma o corpo e a gente volta a desejar que ela dure para sempre...

(Mais uma sugestão de tema que deu certo, ou quase... )

domingo, 27 de novembro de 2011

(Des)equilíbrio

Gente certinha demais sempre me incomodou... Sabe, gente que tem todas as respostas, que parece nunca errar, que sempre está bem, que sabe o que dizer...

Para ser mais sincera gente certinha demais sempre me deu medo... Parece que elas não vivem... Sempre tem o cabelo arrumadinho, a roupa impecável, os sapatos então são dar inveja em qualquer um...

Que são metodicamente organizadas, que nunca perdem o ônibus ou a hora, um número de telefone, não esquecem uma data sequer...

Sabe, tenho a sensação de que elas nunca derramaram molho de tomate na camiseta branca enquanto comiam macarrão, de que nunca tropeçaram no meio da rua e morreram de vergonha...

Parece que nunca tomaram um porre, que nunca choraram no ombro da primeira pessoa que lhes abraçou quando estavam sufocados por qualquer tristeza... Na verdade até desconfio se algum dia sentiram agonia ou tristeza...

Tenho medo de gente certinha que não sabe rir de si mesmo... Não acredito em gente que não arrisca roubar um beijo ou roubar uma flor de qualquer jardim para agradar alguém.... De quem nunca teve medo de escuro, que nunca teve insônia e que nunca tentou a sorte na loteria...

Tenho medo de quem não chora na frente dos outros, tenho medo de quem nem sequer chora escondido... Tenho medo de gente que vive um dia perfeito todo dia, como se não houvesse cobrança, dívidas, pressão ou TPM... Tenho medo de gente que não explode, que não xinga, que nunca perdeu as estribeiras...

Tenho medo ( e desconfio eternamente) de quem não sabe olhar nos olhos, mas tem o discurso decorado para todos os momentos, como se entendessem como você se sente. Tenho medo de gente que nunca sofreu por uma amor ou teve uma paixonite aguda... Desconfio de gente que nunca levou um fora ou levou um chifre...

Mas como alguém pode lhe dizer o que fazer se ela mesma parece nunca ter sentido algo parecido? Como ela pode te ajudar quando parece que ela mesma não sabe o que fala? Pra que serve um discurso perfeito se falta o sentimento, a vivência....

Alguns podem dizer que tenho aversão (ou até inveja) de gente que é vista como equilibrada... Mas como alguém pode ser equilibrada se viver é um eterno desequilíbrio?

Desculpa, mas pra mim a vida não é um caminho reto... ele é tortuoso, cheio de curvas, pontes mal cuidadas... Caminho no qual nós tropeçamos e caímos, mas que às vezes também nos proporciona trechos de caminhada suave, sem nenhum transtorno...

Por isso tenho tanto medo de gente equilibrada, certinha ao extremo! Como elas podem saber o que dizer a alguém desequilibrada como eu? Ou melhor, como elas podem no seu equilíbrio e perfeição extrema, entender a minha imperfeição e meu eterno desequilíbrio?


* Gente eu voltei!!! (Todas vibra...\o/... hahaha) Logo mais texto... =D

domingo, 11 de setembro de 2011

O Criador de Si

Naquele dia ele desceu as escadas lentamente, meio desconfiado, mas sabia o que ia buscar. E naturalmente ele se trajava mau, mas naquele dia não… não naquele dia.

Desceu as escadas, fumando e com uma xícara fumegante de café puro preto com pouco açúcar. Dizia que o açúcar o deixava agitado. Algumas pessoas diziam que era por conta das incontáveis doses de café durante todo o dia. Mas ele insistia... era o açúcar.

Pegou o jornal, olhou em volta, deu uma última tragada, tomou de um único gole o resto do café e voltou correndo pelas escadas. Fechou a porta rapidamente, trancou-a, encostou-se nela de costas e, num suspiro de alívio, começou a rir. Reclinou-se até o chão, sentou com as pernas bem juntas, com os joelhos à altura dos olhos e começou a chorar.

As horas avançavam. O dia acontecia fora das paredes da sua casa, mas ele não podia sair. Não queria, na verdade. E ficava em casa, vagando de um cômodo para outro, verificando se as janelas estavam bem trancadas, se as cortinas deixavam espaço para que alguém, lá fora, verificasse o seu interior.

Abriu o jornal pacificamente. Antes, embebeu um pano velho em álcool, passou por todo o plástico que protegia o jornal e, de luvas, retirou o saco. Com a mesma rapidez que se moveu até o lixo, arrancou as luvas pelo avesso, embolou-as e atirou na churrasqueira que ardia em brasa.

O jornal era do dia anterior, mas pra ele não era um problema. Já não sabia que dia da semana estava, sequer sabia o dia do mês. Quando abriu, viu a imagem de guerras, bombas explodindo, pessoas atirando e a manchete em letras garrafais dizendo que, o Oriente Médio estava pondo-se em pé para guerras e batalhas contra os Estados Unidos. Logicamente não nestas palavras, porém a idéia que ele teve fora exatamente esta. De que o Oriente Médio estava pronto para agir.

Estava ansioso para ver qual seria a manchete do próximo dia, se de fato a guerra eclodiu ou não. Sentava-se contraído na poltrona da sala escura, roçava as mãos nas pernas impacientemente, verificava a todo instante a movimentação na rua pelo olho-mágico da porta de entrada. A cada passo verificava as janelas e as cortinas. Alguém vai entrar, alguém vai entrar. Alguém vai entrar e acabar com tudo. Desta vez vai acabar com tudo. Alguém vai entrar. Pensava ele, sussurrando meias palavras, mexendo debilmente os lábios, andando de um lado para o outro da sala, fumando o seu cigarro.

O café esfriava na xícara e ele tomava-o de goles rápidos, enxendo a boca e engolindo sem sequer saborear o café requentado. O cheiro de café e cigarro pela casa espalhava-se numa mansidão tão contrária à agitação do rapaz.

Olhou pelo olho-mágico novamente. Viu alguém atravessando a rua para caminhar pela calçada do seu lado da rua. Ficou apavorado. É agora, é agora. Estão vindo. É agora. E o que eu faço agora? Oh céus, e agora? Acendeu outro cigarro, fumou abstinadamente como se seu filho estivesse nascendo naquele momento. Correu para o quarto no segundo andar. Pelas escadas, tropeços e tombos eram corriqueiros. As canelas já marcavam várias manchas roxas pelas batidas. Correu para o quarto, trancou a porta, empurrou a cama em frente à porta e começou a gritar.

De repente silêncio. Respiração ofegante, coração acelerado, suor frio, cigarros e mais cigarros. Ouviu a porta da sala se abrir vagarosamente. Seu coração parou por um segundo e voltou a bater com a força de um machado partindo cavacos e toras. Passos. Passos pela sala. Imaginou se a pessoa que entrava tinha, pelo menos, limpado os sapatos. Limpara a casa pela manhã e não iria ficar nada contente se estivesse com sapatos sujos.

Os passos avançavam vacilantes como passos à procura de algo. Passos que não sabe exatamente pra onde vão, mas que seguem à frente. E ele no quarto, desesperado, tendo a sensação de estar sendo vítima de uma parada cardíaca. Imaginou que, se tivesse um aneurisma, ele certamente explodiria seu cérebro naquele momento.

Ele está subindo, está subindo, e agora, meu deus, o que faço? Ele está subindo. Afinal, quem deverá ser, meu santo? Está vindo e eu sei que desta vez fará o que tem de fazer. Ele irá me matar. E está vindo, está subindo as escadas. Pensava e gemia enquanto ouvia os passos subirem as escadas ainda muito calmamente.

Estava tendo uma reação de extrema descarga de adrenalina. Já não conseguia conter seus pensamentos, a respiração cada vez mais acelerada, cada vez mais apressada, cada vez mais curta. Começava a faltar oxigêncio em seu sangue que irrigava o cérebro com um possível aneurisma. Tontura, vertigem, sensação de desmaio, sentia de tudo naquele momento. E os passos avançavam.

Começou a ficar com cada vez mais medo daqueles passos desconhecidos. E eles vinham em sua direção enquanto ele dava um passo pra trás cada vez que ouvia o sujeito dar um passo à frente. Decidiu. Ainda desesperado e ansioso, mas a decisão fora tomada.

Os passos vinham pelo corredor e ele cada vez mais amedrontado. Será que irá conseguir empurrar a cama? Mas a porta está trancada, terá que arrombá-la. E empurrou também o seu armário velho de bugigangas prensando a cama contra a porta.

Apressou-se em pegar caneta e papel e começou a escrever. Relatou o ocorrido, com detalhes minuciosos e os motivos de tudo que aconteceu. Escreveu também à mãe, ao pai, aos dois amigos que sempre o socorriam com dinheiro e comida e à vizinha que pagava o gás. Escreveu sobre as pessoas que andavam rondando sua casa e do porquê o rondavam. E despediu-se brevemente, sem rodeios, nem afetos, apenas se despediu.

Os passos continuavam em direção ao quarto enquanto ele terminava de rabiscar as folhas e de repente parou. Ouviu-se pássaros alçarem vôo, cães latirem e o silêncio cósmico na penumbra do quarto. Os passos não voltaram, não seguiram em frente, apenas cessaram com o disparo da arma. Não pararam porque o medo os invadiu; pararam porque seu inventor sumiu. Pararam porque já não tinham para onde ir, nem a quem buscar. Já não havia mais quarto, porta ou alguém a quem invadir.

Surgiram do além e esvaiu-se com a mesma rapidez que a vida se esvanesceu naquele quarto. Ele perseguia a ele mesmo. Ele inventava, ele criava e convencia-se de que não eram invenções, tampouco criações dele mesmo. Era pessoas reais, na sua realidade. Eram pessoas que o cercavam, que o rondavam, que o perseguiam. Mas tudo acontecia apenas no seu micro-mundo de forma que, das janelas, não se via o além-mar. E a luz do dia já não era vista, senão quando ele saia pra buscar o jornal que agora irá se acumular por dias nas escadas da sua casa. E a sua casa não será aberta, não terá ninguém que a vigie, tampouco alguém que escore as portas com cimento e tijolos. Não haverá mais ninguém.

Naquele dia ele sabia o que estava por vir. Sabia que a guerra do Oriente Médio iria eclodir e sabia que seria declarada por ele próprio. Aliás, nem sabia, ou não queria lembrar, mas a guerra havia sido declarada há muito, muito tempo atrás. Contra ele mesmo. E sabia que naquele dia ele precisaria estar bem trajado, bem apresentável, de forma respeitosa e elegante, para que, no mínimo, pudesse causar uma boa impressão. Uma boa impressão seja lá pra quem for. Embora soubesse quem iria vir buscá-lo mais tarde.

Daquele momento em diante, toda a névoa de perseguição que pairava sobre ele também sumiu com o tiro. A vida escoou e não houve tempo para represá-la. Não houve sequer tentativas de reparos. O tiro foi a redenção. Antes tomado pelas próprias mãos a ser tomado pelas mãos do outro. Mas era um outro que era sua própria extensão. Uma extensão inexistente. Mas um inexistente que existia, decerto.

E tudo acabou naquele momento. No momento do disparo. No momento que o cão latia sem saber porque. No mesmo momento que o pássaro assustado voou para longe. No mesmo momento que os passos voltaram para a velha e pequena caixa de surpresas.

(Mateus Guedes)