domingo, 6 de setembro de 2009

Penso, logo desisto!

(uma abordagem sentimental sobre as influências do ego*)

Contrariando René Descartes (filósofo e matemático que disse a célebre frase: Penso, logo existo) uso essa frase com uma ‘leve’ alteração para desenhar as confusões e os pensamentos dessa pseudo-escritora, porém jornalista. As perguntas, tão comuns na minha vida profissional, me cercam até fora dela e se tornam quase uma fórmula matemática (e eu detesto matemática): perguntas, juntadas com um imaginação fértil, misturada com impulsividade é igual me odiar algumas vezes. Sim , eu me odeio às vezes. Mas não um ódio mortal, aquele ódio repreendedor, do tipo: se você tivesse ficado quieta teria sido melhor, mas você resolveu abrir essa boca, agora agüente as consequências. Quando começo a pensar eu viajo pela minha vida, pela das pessoas que me cercam e no fim de um longo pensamento sou capaz de encontrar soluções para os problemas de todo mundo (talvez até do mundo), mas menos para os meus.
Pois bem, eu às vezes me odeio, mas nem por isso tenho medo. Sou impulsiva sim e nunca escondi tal qualidade ou defeito (depende do ponto de vista...) de ninguém.
Além de todos esses quesitos, ainda existe um agravante: o silêncio! Seja das conversas, das relações, da vida... Isso é algo que sempre me incomodou, assim como momentos ou sentimentos que começam e não tem um ponto final.
Quando fico ‘a ver navios’ minha mente viaja, sou capaz de criar situações, pensar mil coisas ( e bobagens) e encontrar desfechos variados para uma mesma situação, como se me preparasse psicologicamente para agir caso alguma delas se consolidasse.
Sempre fui assim e aliado a minha impulsividade vem as palavras. Eu falo mesmo quando incomoda, quando dói, quando me atormenta, quando me enlouquece. Falo porque eu tenho que falar, porque as palavras fazem com que eu me sinta livre e me permitem ser sincera com os outros e comigo mesma. Elas me possibilitam a paz. Mas isso não siginifica que saio falando mil e uma verdades a todo mundo. Não, muito pelo contrário, eu não sei mentir para o meu coração, para os meus sentimentos.
Com o tempo aprendi a evitar falar na hora que me dá vontade. Aprendi a parar e respirar, mas não deixei de falar. Nunca. Posso não falar num primeiro momento, mas de alguma forma eu falo. E encontrei nas palavras um bom álibe. Me solto a dizer o que quero de forma clara, irônica, às vezes chorosa, às vezes maliciosa. Não importa: eu digo e repito. Quantas vezes quiser. E a licença poética me permite ser o mais fiel possível ao que penso. Se eu quiser dizer que não quero, eu digo. Se eu quiser pedir que você fique, eu peço. Se eu quiser chorar, eu choro. Seja explicitamente ou nas entrelinhas. Eu vou ser em algumas ocasiões ( ou textos) decifrável porque é isso que quero ou indecifrável quando eu desejar um mistério a mais. Mas vou sempre falar.
Porque eu gosto das coisas claras com começo meio e fim. Não largo ninguém no meio do caminho. Quer vir comigo? Vem! Quer ficar? Não tem problema, eu continuo sozinha. Não tenho medo de mim, tenho medo de você que pode me perder e nem sabe. Porque enquanto você é interrogação eu sou palavra! Enquanto você é a indecisão, eu sou sentimento!


*Ego ou Eu é o centro da consciência, é a soma total dos pensamentos, idéias, sentimentos, lembranças e percepções sensoriais. É a parte mais superficial do indivíduo, a qual, modificada e tornada consciente, tem por funções a comprovação da realidade e a aceitação, mediante seleção e controle, de parte dos desejos e exigências procedentes dos impulsos que emanam do indivíduo. (Segundo Freud – em http://leituradiaria.com.br/?p=541)