sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Palavras apenas, palavras pequenas, palavras... (Palavras ao vento – Cássia Eller)

Às vezes não sabemos como agir. A imperfeição humana muitas vezes nos leva a ficar confuso, a ficar perdido... Às vezes se misturam sentimentos: saudade, ansiedade, objetivos, desejos, impotência...
A imperfeição do ser humano muitas vezes é perfeita, pois só nós conseguimos fazer dos sentimentos e momentos vividos boas lembranças, música ou palavras...

O que seria de nós se não pudéssemos ter uma “válvula de escape” para resistir ou sobreviver a todos os momentos, os conflitos e sentimentos que temos durante toda a nossa vida.

Eu descobri meu “abrigo” nas palavras... Letra por letra eu fiz das palavras meu diário. E tudo começou pelo encantamento infantil de uma lua cheia num lugar escuro... Aquele brilho, aquela luz despertou naquela menina um desejo de exprimir o que viu... Acabou em palavras...

E as palavras cresceram como aquela menina. E, além disso, escreveram toda a sua história... Decepções, desejos, medos... Tudo transformado em palavras ora fáceis, ora difíceis, mas sempre com uma beleza ou uma nova idéia.Sempre se modificando, se aprimorando como aquela menina...

Os textos se transformaram como ela, mas ainda existem momentos em que o que mais queria era escrever tudo que sente, mas a idade adulta traz mais interrogações e mais cautela. Escrever ao pé da letra tudo que sente às vezes pode significar uma recusa, uma taxação... Pode-se até explicar o porquê que determinado texto foi escrito, mas que escritor gosta de ter que explicar o que escreve?

Hoje falo de palavras porque muitas, em todos os setores da minha vida, pedem para serem escritas, faladas, ditadas... Elas querem ganhar vida, expressão... Mas ainda precisam ficar caladas, imunes, isoladas...

Se eu pudesse definir tal momento sem muitas avarias, eu resumiria que eu posso controlar as minhas palavras, mas não posso controlar meus sentimentos. E quando eu escrevo não são apenas as palavras que se seguem em uma concordância, é meu coração que pede espaço para ser visto, para ser sentido. É meu eu que muitas vezes pede socorro, pede auxilio, pede um abraço ou talvez apenas um sorriso.

(Cíntia Synderski)
*Assim como o texto, a foto também é de minha autoria portanto reprodução apenas mediante solicitação.